Com baixa adesão de líderes, falhas protestos e contradições na COP 30

A COP30, conferência climática da ONU sediada em Belém (PA), começou cercada de expectativas mas rapidamente se viu envolta em críticas, controvérsias e esvaziamento político.
Com baixa adesão de líderes mundiais, protestos nas ruas, roubo de equipamentos, problemas de infraestrutura e um cenário diplomático enfraquecido, o evento que deveria colocar o Brasil no centro da pauta ambiental global corre o risco de se tornar símbolo de improviso e contradição.
Enquanto o presidente Lula defende o fim do uso de combustíveis fósseis, o governo autoriza a perfuração de poços de petróleo na foz do Rio Amazonas. E, em meio a discursos sobre sustentabilidade, a Alemanha rejeita o novo fundo florestal proposto pelo Brasil.
A mídia internacional questiona a organização, a credibilidade do país como líder verde, e até o uso político da imagem ambiental em um momento em que o mundo esperava mais coerência e resultados concretos.
Baixa adesão e o desprestígio diplomático brasileiro
A ausência de grandes líderes internacionais marcou o início da COP30. Poucos chefes de Estado confirmaram presença na abertura, e boa parte das representações oficiais limitou-se a ministros ou secretários.
Diplomatas afirmam que o Brasil enfrenta um “desprestígio na captação de recursos internacionais” para o Fundo Florestal, que deveria financiar ações de preservação e reflorestamento.
A insegurança jurídica, a falta de transparência nos relatórios ambientais e a percepção de contradição entre discurso e prática têm afastado investidores estrangeiros.
Enquanto isso, países como Colômbia e Indonésia se destacam por políticas ambientais mais consistentes e resultados mensuráveis.
Janja em destaque e o uso simbólico da imagem
Um dos pontos mais comentados foi a presença de Janja Lula da Silva ocupando lugar de honra na cerimônia de abertura.
A imagem foi amplamente repercutida nas redes e pela imprensa internacional, que interpretou o gesto como uma tentativa de humanizar o evento em meio às críticas.
No entanto, para parte da opinião pública, o protagonismo da primeira-dama acabou ofuscando discussões técnicas e deu ao evento um tom mais político que ambiental.
Protestos e contradições: entre o discurso e a prática
Do lado de fora dos pavilhões da COP30, manifestantes protestaram contra o custo elevado da conferência, o encarecimento dos alimentos e a falta de coerência entre discurso e ações.
Enquanto o governo federal defende a transição energética e o fim do uso de petróleo, o Ibama autorizou estudos para exploração de petróleo na foz do Rio Amazonas uma decisão que gerou reações negativas até entre ambientalistas aliados.
Organizações internacionais apontam que o Brasil perdeu credibilidade climática ao adotar políticas que caminham em sentidos opostos: de um lado, promessas de neutralidade de carbono; do outro, estímulo à exploração de combustíveis fósseis.
O alto custo da COP30 e as falhas estruturais
De acordo com documentos públicos, o governo desembolsou mais de R$ 4 milhões para uma empresa sob suspeita de ilegalidades, responsável pela montagem de estruturas temporárias.
Problemas logísticos, falta de energia elétrica, deficiência na internet e falhas na segurança foram amplamente relatados por jornalistas e delegações estrangeiras.
O caso mais grave foi o roubo de computadores e drones dentro da área oficial do evento, o que levantou questionamentos sobre a segurança de dados e a integridade da organização.
Críticas da mídia internacional e o isolamento político
Veículos como o The Guardian, Le Monde e BBC News destacaram a desorganização e as contradições políticas da COP30.
O The New York Times publicou uma análise intitulada “Belém: a floresta que virou palco de contradições climáticas”, apontando que o país “fala em preservar a Amazônia enquanto abre espaço para exploração de petróleo”.
Até Donald Trump, em discurso recente, ironizou a conferência citando a devastação causada pela construção de avenidas e estruturas em áreas amazônicas para abrigar o evento um contraste simbólico que gerou repercussão mundial.
Alemanha nega apoio ao fundo proposto por Lula
Um dos principais objetivos do Brasil na COP30 era apresentar um novo fundo florestal internacional, com base em doações de países desenvolvidos.
Mas a Alemanha, uma das principais financiadoras históricas da proteção amazônica, negou apoio ao modelo proposto, alegando falta de garantias sobre a aplicação dos recursos e ausência de resultados verificáveis em iniciativas anteriores.
A negativa foi recebida como um sinal de desconfiança internacional e reforçou a percepção de que o país perdeu protagonismo no tema climático.
O IBGE tenta “recentralizar o mapa”
Em meio à crise de imagem, o IBGE tentou contribuir positivamente lançando um mapa que coloca o Pará no centro do Brasil, em alusão simbólica à importância amazônica na conferência.
Apesar da boa intenção, a iniciativa foi vista como publicitária e gerou críticas nas redes, sendo apontada como “gesto vazio” em um evento que carece de ações práticas e compromissos verificáveis.
O que temos de concreto até agora
Apesar do cenário conturbado, alguns resultados práticos começam a surgir:
Assinatura de memorandos para cooperação ambiental entre estados da Amazônia Legal.
Propostas de crédito de carbono regional.
Projetos-piloto de reflorestamento urbano em Belém.
No entanto, os acordos internacionais ainda não saíram do papel e nenhum novo aporte financeiro significativo foi anunciado.
O risco da COP30 virar a “COP da vergonha”
Com baixa adesão, desorganização, insegurança e discursos desalinhados, cresce entre analistas a preocupação de que a COP30 seja lembrada mais pelos escândalos do que pelos avanços ambientais.
A oportunidade de consolidar o Brasil como líder global da sustentabilidade está se perdendo em meio a ruídos políticos e falhas de gestão.
“O mundo esperava um farol verde vindo da Amazônia, mas encontrou fumaça e contradição.” — Editorial Internacional do Le Monde.
O desafio, agora, é transformar o constrangimento em aprendizado e resgatar a credibilidade de um país que tem tudo para ser protagonista ambiental, desde que pratique o que prega.
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Por Sonia Santos
Editora-chefe no blog https://soniaideias.com/ fundado em 2 de abril de 2013, e com muito orgulho é advogada. Fale com a gente através de contato@soniaideias.com ou nos siga: https://web.facebook.com/soniaideias?locale=pt_BR&_rdc=1&_rdr#
